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MORTE

Como lidar com a própria finitude?

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Diante da possibilidade de morrer o que uma pessoa sente?

Quando estamos doentes ou mesmo quando envelhecemos nos vem uma maior compreensão de que o fim está próximo, o que deixamos de fazer e o que poderemos ainda realizar. Porém, o que destoa uns dos outros é o enfrentamento da própria finitude.

Geralmente um susto é a primeira reação involuntária que intimamente nos diz: "A vida não vai ser como era antes". Enquanto umas pessoas aceitam isso, outras negam. Enquanto umas sofrem menos, outras sofrem mais.

Como você se sentiria se soubesse de uma hora para a outra que sua vida acabaria? Essa é uma pergunta que geralmente ninguém faz.

Entretanto, essa situação acontece na vida de tantas pessoas, e cada uma dentro do seu universo responderá de forma muito singular. Contudo, isso também poderá acontecer conosco. Estamos preparados para isso?

O que se faz quando se descobre uma doença incurável?

Algumas pessoas entram numa corrida acirrada com intuito de evitar a própria morte. Assim, passam os dias finais procurando a cura.

 

Dentro desta narrativa de busca pela sobrevivência, muita gente não cuida daquilo que acontece no seu mundo interno, não avalia as prioridades e suas vivencias finais.

É mais fácil não tocar no assunto?

 

Nossa sociedade não nos prepara para lidar com a própria a morte, dando a entender que é errado falar sobre ela.  

Falar sobre a morte, significa encarar os sentimentos que são intensos. 

Algumas pessoas embora assustadas com a notícia de um diagnóstico, por exemplo, com o tempo chegam a fase da aceitação. Entretanto, outras seguem pela fase da negação.

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Do julgamento dos outros...

Quando existe a negação, o sujeito fica propenso a entrar em instabilidade emocional, podendo doer ainda mais todo o processo de encerramento da vida.

 

É possível observar a pessoa que não aceita a própria morte com uma gestalt fixa. Isso significa, que o sujeito pode se apegar a algo mal resolvido, podendo ser uma situação do passado, algum problema que lhe aconteceu, por exemplo.

 

O momento do diagnóstico

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Como é receber a notícia da própria morte?

É muito difícil saber que não tem mais tempo para realizar e vivenciar certas coisas. Nessa hora não há palavras que consolam.

 

Saber sobre a própria morte é como viver a angústia de perder aquilo que sempre existiu, ao mesmo tempo em que precisa lidar com a aproximação do "desconhecido".

 

O desespero pode tomar conta principalmente daquelas pessoas que passaram a maior parte do seu tempo "fazendo planos" do que experienciando a vida. Embora sabemos que uma boa parte da população brasileira precisa sobreviver, tendo que trabalhar muito. Contudo, também percebemos pessoas se divertindo, sendo criativas mesmo com coisas simples.

A notícia da própria morte vai impactar! Porém, quando atendo casos em que a pessoa fez aquilo que era importante com o tempo que tinha, conforme foi se aproximando da morte ela foi encontrando serenidade. O que me fez entender que lidar com a própria finitude é um processo que deve ocorrer antes da notícia de morte iminente.

O que diz a ciência sobre aquele que é diagnosticado com tratamento paliativo?

 

Estudos revelam que as pessoas quando estão passando por alguma situação de proximidade da morte se arrependem de não ter olhado para as coisas significativas como estar na presença de pessoas queridas, apreciar a natureza, se preocupar menos... 

Assim, se preparar para a própria morte quando se tem vida é o caminho para se viver com mais qualidade.

Muitas dessas pessoas quando têm a oportunidade de recuperação, passam a viver de forma mais autêntica, considerando como "oportunidade" de fazer tudo diferente.

Se está passando por um momento assim, entre em contato e marque terapia.

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Vivendo de forma mais significativa

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Viver com plenitude

 

Essa é uma pergunta que eu faço no meu consultório de psicologia: "O que você fez de significativo o ano passado ou esse ano?" Muitas pessoas se surpreendem com a pergunta. A maioria não sabe o que dizer. Falam inicialmente que não fizeram nada. Então, eu vou verificando com elas se isso é verdade, e percebemos juntas que o ano não foi perdido, pois coisas importantes foram feitas e vividas.

 

Quantas pessoas estão no mundo agora vivendo um dia após o outro sem significado? Alguns anos pela frente o que elas poderão sentir e dizer sobre suas vidas? Como seria se a morte repentinamente aparecesse?  Será que estariam prontas para partir?

O ser humano se afasta ano após ano de uma vida com mais inteireza. E, assim, deixa de fazer o melhor para si próprio no momento presente (espaço em que sua história acontece). Porém, outros atuam de forma ansiosa.

Quando a possibilidade de não viver mais surge, torna-se um momento em que "rouba a cena o impacto" e a pessoa se abstém de todo o resto. 

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Nesta hora vem à tona tudo que até então não foi feito: preocupação de como as coisas vão ficar em sua ausência, arrependimentos, pesar. 

Se a pessoa conseguir não ficar fixa na "dor de partir" poderá ter momentos significativos e de contato com aquilo que lhe é importante de verdade. Pois, passamos boa parte de nossas vidas com ilusões, e é na hora da morte que se tem a maior lição de todas - principalmente sobre o que é viver.

Quer ter significativos ensinamentos? Converse com quem já viveu muito ou com alguém que recebeu um diagnóstico, ali você poderá ter lições primordiais. Lições que o levarão a pensar sobre o modo que está conduzindo sua história e quem sabe também tenha reflexões sobre como viver melhor.

Marque terapia presencial para falarmos sobre esse assunto se você está passando por isso.

O que fazer se um diagnóstico apontar que tenho pouco tempo de vida?

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Caso você esteja passando por isso, não evite falar sobre seus sentimentos. Converse com pessoas que podem te dar suporte. Caso você não tenha ninguém procure um psicólogo, mas se for difícil financeiramente existe o telefone 188 do CVV em que você poderá desabafar com os voluntários. Falar sobre as próprias dores para muitos significa sentir mais alívio.

 

Tente compreender as coisas que aconteceram com você. Evite ser um crítico severo, entenda que você realizou aquilo que coube fazer com o entendimento que tinha. Pois, tem certas coisas que vem com a experiência e maturidade. 

Se for possível organizar sua vida financeira, seus bens, deixe as coisas prontas para você não se preocupar com isso depois.

Elabore o que você gostaria de fazer com esse tempo, faça uma lista de prioridades. Analise aquilo que é possível fazer e que vai te trazer felicidade. Diga tudo aquilo que pensa, aproveite cada instante! Muitas vezes, a alegria está presente nas coisas simples.

Mesmo que doa saber sobre a própria finitude, algumas pessoas alcançam um estado de calma e paz. Assim, cada momento ganha um novo significado.

A forma em que um indivíduo vive sua vida até o momento do diagnóstico, parece favorecer o modo em que enfrentará a própria finitude.

 

"Decidir o que não fazer é tão importante quanto decidir o que fazer"

 

Steve Jobs 

As pessoas não gostam de falar sobre a morte porque querem afastar delas essa possibilidade, como se isso fosse algo que pudesse ser evitado para sempre.

Eu como psicóloga quando começo a falar sobre como gostaria que fossem os procedimentos na minha partida me perguntam: "Você está bem?", "Você está para baixo hoje", e aí percebo um limite naquela pessoa. Então, eu fico imaginando como é isso para outras que estão com um diagnóstico e precisam falar sobre a morte e não tem espaço principalmente naquele momento em que é extremamente necessário.

Elaborar a finitude é algo importante, assim como já fizemos com tantas situações em nossas vidas.

Como terapeuta também fui entendendo que a solidão tem mais a ver com a forma que estamos por dentro, porque quantas pessoas estão cercadas por outras e estão se sentindo no fundo sozinhas?!

 

"Abrindo os olhos" para viver com responsabilidade e integridade é como tornar simples palavras num verso de um lindo poema que é a vida!

Maria Cristina S. Araujo
Psicólogo em São Paulo - 06/108.975 

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