MORTE IMINENTE
Saber que se vive e que um dia ocorrerá a morte ocasionalmente parece algo comum, mas o que dizer daquelas pessoas que vivem já sabendo mais ou menos o dia em que partirão?
Você acha difícil falar sobre isto?
Muito mais difícil é para aquele que vive a situação, mas tudo depende de um certo ponto de vista.
Ponto positivo de viver sobre o risco de morte iminente
Vamos supor que uma pessoa devido a algum estado de saúde - saiba que tem por exemplo, três meses de vida. Se for sábia procurará aproveitar o tempo que lhe resta para fazer o que é importante.
Cada um tem algo importante a fazer como passar o dia em companhia dos amigos, da família, fazer certas coisas que geralmente não é feito devido a obrigações do cotidiano. O atributo de valor é bem pessoal, porque varia de pessoa para pessoa.
Porém, muitas vezes aquele que sofre de morte iminente, não pensa assim, pois foca geralmente nas coisas ruins, nas perdas e pensamentos negativos. Geralmente não vê que a vida está dando a oportunidade para se despedir, enquanto que muitos partem sem ao menos ter esta oportunidade.
A função da esperança
A maioria das pessoas mesmo em fase terminal ainda mantém viva pelo menos um pouco a esperança de viver.
As pessoas esperam que apareça de uma hora para outra algum tratamento que as cure.
A esperança serve para dar forças para continuar a persistir, por outro lado poderá ser frustrante quando a cura não ocorre.
A culpa por não ter aproveitado mais a vida
Estudos mostram que é no momento de morte iminente que as pessoas param para refletir sobre como deveriam ter aproveitado mais o viver.
Coisas simples são valorizadas como chupar um sorvete, ir à praia, ter aproveitado mais a presença dos entes queridos.
Coisas materiais são desvalorizadas como o tempo gasto com intuito de acumular bens.
Características do ser humano frente a morte iminente
Nunca foi muito fácil para o ser humano aceitar o fim.
Influenciado pela cultura e também pelo modo particular de ser, cada um reage frente ao diagnóstico de morte de forma particular.
Estudos apontam que diante da possibilidade de perder a vida as pessoas demonstram características parecidas que geralmente são:
Choque e negação
Quando uma pessoa recebe a notícia de que não tem muito tempo de vida, inicialmente ocorre o choque.
Posteriormente que recebe o diagnóstico a pessoa pode recusar-se em acreditar que o parecer médico está correto ou ainda poderá tentar negar que isto esteja acontecendo consigo.
Algumas pessoas não conseguem sair desta fase e passam o resto de suas vidas correndo atrás de médicos que as dê alguma esperança.
A equipe médica - deve passar a pessoa e a sua família de forma respeitosa todas as informações sobre a doença, seu prognóstico e as opções para tratamento.
O paciente – tem que ficar esclarecido que não será abandonado.
Raiva
Quando a pessoa já passou pela negação ao entrar na fase da raiva, poderá se interrogar:
-
“O aconteceu comigo?”
-
“Por que eu?”
-
“O que fiz para merecer isto?”
Este é o momento em que a pessoa pode apresentar intolerância com a situação e comportar-se-á de forma agressiva e de difícil lida.
É nesta hora em que médicos, enfermeiros, familiares irão sentir sua fúria que poderá voltar-se até mesmo contra Deus e contra o destino.
A equipe médica - devido que as pessoas neste estágio são difíceis de tratar, o médico poderá afastar-se, havendo a possibilidade de transferir os cuidados para outros colegas.
Para a equipe médica vale entender que a raiva expressa não pode ser vista como algo pessoal.
Para estes momentos em que o paciente mostra-se completamente irritado o comportamento empático dos cuidadores pode diminuir a raiva que ele sente.
O paciente - precisa redirecionar sua atenção a outros sentimentos (por exemplo, medo, tristeza, solidão).
Além disso, a raiva também pode mostrar a vontade do paciente de ter maior controle em uma situação em que se sente impotente para fazer alguma coisa.
Para passar por esta fase, a pessoa precisa expressar suas frustrações e sua ira.
Barganha
É uma fase que pode durar pouco tempo, porque a barganha é o momento em que o paciente negocia com a equipe de saúde, ou com os que estão a sua volta e até mesmo com Deus sobre sua cura.
Geralmente a pessoa se comporta com intuito de receber melhores cuidados – em troca cumprirá promessas, como ser uma pessoa melhor, doar bens, ir mais a igreja.
Outra forma da barganha é a pessoa achar que por ela ter um bom comportamento (alegre, obediente) o médico fará com que melhore seu estado de saúde.
A equipe médica - é importante que esclareça ao paciente de que será cuidado da melhor forma possível, e tudo o que for necessário também será feito independente do comportamento dele.
O paciente - Para que se sinta melhor é importante fazê-lo participar em seu tratamento, deixando claro que ele poderá ser franco quando quiser.
Depressão
Nesta fase a pessoa revela sinais clínicos de depressão como tristeza, retraimento, mágoa, desesperança, retardo psicomotor, angústia, perturbações no sono, possivelmente ideação suicida.
A depressão pode ser devido aos resultados obtidos pela doença, por exemplo, desamparo, dificuldades financeiras, isolamento de pessoas mais próximas, ou pode ser também antecipação da perda real da vida.
Há casos em que ocorre a depressão maior, sendo necessário o tratamento com medicamento antidepressivo.
Frente à morte - tristeza é comum sentir, porém, depressão maior não é.
A falta de esperança, muito comum na depressão maior pode alterar a longevidade, além de que prejudica o paciente em sua dignidade e deve ser tratada.
Aceitação
Nesta fase a pessoa já aceita que não é possível mudar as coisas e que a morte é inevitável, também já fala sobre o assunto, mesmo lamentando a perda, consegue ir se desprendendo de tudo e dos entes queridos.
Aquelas pessoas que acreditam em vida após a morte pode encontrar o conforto em suas crenças.
Embora o humor possa variar geralmente a pessoa se sente mais calma e silenciosa, muitas vezes deseja apenas o contato físico como um toque de uma mão.
A POSSIBILIDADE DE MORTE DIANTE DE CADA FAIXA ETÁRIA
As Crianças
Ficam abaladas emocionalmente e descarregam sua raiva sobre aqueles que as cuidam (pais, parentes, equipe hospitalar).
A separação da criança dos pais, especialmente com a mãe é um evento tão estressante quanto à doença. Por esta razão, é tão importante à presença de alguém que ela gosta muito ao lado do leito, além de se sentir mais tranquila, facilitará o atendimento médico.
Os adolescentes
Ao se deparar diante da morte iminente o jovem poderá preocupar-se com a questão da aparência, poderá também ter comportamento de independência e desejo de controlar a situação, tornando seu tratamento extremamente difícil para os profissionais da saúde.
Adultos jovens
Quando lida com a probabilidade do fim o adulto jovem se lamenta por não ter mais a oportunidade de viver, e ter experiência de acontecimentos importantes da vida como casar, ter filhos, ficando muitas vezes ameaçado pelo isolamento.
Os pais jovens
Os pais temem que seus filhos não sejam criados com carinho, receiam que passem por dificuldades e falta de apoio.
Também se sentem comovidos por nunca experimentar o prazer de serem avós.
Adultos de meia idade
Podem se sentir frustrados por não poder desfrutar do que conquistaram e nem de se envolverem com a próxima geração.
Os idosos
Aceitam melhor a realidade de sua morte.
Através da morte de familiares e amigos já começam a imaginar que também chegará o seu fim.
EQUIPE MÉDICA
A equipe multidisciplinar pode ajudar o médico em sua tarefa, pois se cabe a este profissional proporcionar controle rigoroso da dor, juntamente com ele a equipe pode atuar de forma mais solidária junto ao paciente.
Atuação solidário inclui:
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Dar atenção ao que o paciente tem a dizer e a questionar;
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Ter contato físico apropriado;
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Fazer visitas regulares.
O paciente precisa saber sobre seu estado?
A resposta é SIM.
Porém, é importante que a equipe entenda que algumas pessoas preferem não saber sobre seu estado, desta forma, é coerente questionar o quanto deseja saber, e isto deverá ser respeitado.
Sabemos que é melhor que a pessoa saiba o que está acontecendo, mas isto não deve ser imposto sem que ela tenha condições para lidar com o fato.
Também, não se pode deixar de encorajar o paciente para conhecer melhor sobre seu estado, mas deve ser feito de forma gentil e respeitosa.
O lado pessoal da equipe médica
A equipe médica não deve considerar de forma pessoal as críticas do paciente quando houver demonstrações de raiva e revolta, levando em consideração que ele pode estar na fase de raiva.
Os familiares
Os familiares neste momento também precisam de acolhimento para lidar com seus sentimentos, porque na maioria das vezes são eles o apoio emocional do paciente.
Para os familiares a perda de um ente querido pode ser muito difícil.
Os parentes e amigos podem ficar com receio em falar ao paciente em relação à morte iminente, por medo de deixá-lo triste, e também porque eles mesmos já estão sentindo muito a futura perda.
Por outro lado, o paciente teme em falar sobre sua morte por receio de fazer a família sofrer.
Neste momento a equipe multidisciplinar pode fazer com que cada um saiba o que o outro está sentindo e incentivar o diálogo entre eles.
Trabalho psicológico
O trabalho do psicólogo em situação de morte iminente é de auxiliar todos os envolvidos, como equipe médica, paciente e familiares.
O trabalho psicológico desenvolvido com o paciente facilita o entendimento do que se está passando com ele.
Por meio das palavras o psicólogo é aquele que faz o paciente expressar o que está sentindo, para que com isto se possa chegar à paz interior.
Amor de família é inexplicável e isso inclui os amigos.
Quando um ser humano não consegue explicar o quanto gosta do outro ser humano, simplesmente expressam no “cuidar.”
“O que negas te subordina. O que aceitas te transforma.”
Carl G. Jung

MORTE DE UM ENTE QUERIDO